sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

"Boleiros da Arquibancada" entrevista: Murilo Becker

De Belo Horizonte.
Por João Vitor Cirilo.


06/01/12 - O Boleiros da Arquibancada traz mais uma entrevista com um grande atleta. Pela primeira vez aqui no "B.A. entrevista", conversamos com um jogador de Basquete. O pivô de São José, Murilo Becker da Rosa, é o nosso primeiro entrevistado no ano de 2012. 

Murilo já tem uma carreira consolidada no esporte, aqui e fora do Brasil. No currículo, dois Campeonatos Paulistas (por Ribeirão Preto e Franca, em 2004 e 2006), um Campeonato Brasileiro (com o Bauru, em 2002). Fora do país, um Campeonato Israelense em 2008 e um vice-campeonato da Euroliga no mesmo ano, pelo Maccabi Tel Aviv. Conquistas também com a Seleção Brasileira: duas medalhas de ouro em Jogos Pan-Americanos (2003 e 2007), uma Copa América Pré-Mundial (em 2005) e dois Sul-americanos (2006 e 2010, onde foi o MVP da competição). Nas últimas duas temporadas, foi escolhido o melhor pivô do Novo Basquete Brasil.

O jogador chegou ao São José em 2010, onde permanece até hoje. Antes disso, muitos outros clubes. Grêmio Nacional União (RS), Clube Atlético Ubirajá (RS), Bauru, Corinthians, Ribeirão Preto, Franca, PBK Academick EAD, Maccabi Tel Aviv e Minas Tênis Clube, sua última equipe.

As lesões impediram a sua presença no grupo que levou o Brasil à Olimpíada de 2012. De qualquer forma, a esperança de estar no grupo neste ano é grande. Afinal, esse é o sonho do atleta de 28 anos.

O Boleiros da Arquibancada deseja sucesso na sequência da carreira para o Murilo e o agradece pela gentileza em nos atender.


Murilo conseguiu alcançar seu objetivo inicial na carreira: chegar à Seleção Brasileira. Agora, ele quer mais: Olimpíadas.


Sem dúvidas, o seu São José tem uma equipe muito qualificada. Alguns atletas jovens e outros com experiência, como é o seu caso. Aonde é que pode chegar essa equipe no NBB? Vocês se colocam entre os favoritos ao título?
Sem dúvida. Estamos mostrando nos jogos como nossa equipe é qualificada. Podemos vencer qualquer equipe em qualquer ginásio. Temos o primeiro objetivo que é ficar entre os quatro e depois pensar em uma final. O campeonato está muito equilibrado. Temos condições sim de chegar ao título neste ano.

Em 2011, o São José bateu na trave na série final do Campeonato Paulista, mas perdeu pra uma forte equipe que é o Esporte Clube Pinheiros. Pra você, que já tem uma conquista no currículo, o que faltou para que o título viesse naquela decisão?
Sofremos um pouco no Paulista principalmente nas trocas do Pinheiros. Como (o Pinheiros) tem jogadores altos em todas posições, sentimos um pouco e também tivemos azar de ter alguns jogadores machucados. Mesmo assim, a segunda colocação não tirou o brilho da nossa equipe no Campeonato Paulista.

Falando um pouco agora especificamente de você e sua carreira. Ouvi dizer que você já se arriscou no futebol, rapaz. Procede? Conte essa história pra gente.
(Risos). É verdade. Era goleiro no Grêmio. Como todo brasileiro apaixonado por futebol fui tentar a sorte. Fiz os dois esportes durante um ano e acabei sendo convocado para Seleção Brasileira de Categoria de Base no basquete. Tive que optar por um dos dois. Acho que fiz a opção certa.

Como é que surgiu a oportunidade de seguir no Basquete?
Meu irmão era jogador, e me levou em uma peneira em Porto Alegre no Grêmio Náutico União. Confesso que nunca tinha pensado em ser um jogador de Seleção Brasileira, até porque não era apaixonado pelo esporte. Sempre digo que as portas foram abrindo na minha vida e fui entrando, aproveitando as oportunidades. Hoje me sinto realizado mas nunca satisfeito. Sempre quero mais. O Basquete é minha vida.

Vendo hoje, com uma carreira já consolidada no esporte, já tendo passado por grandes equipes e pela Seleção Brasileira, se vê como satisfeito por ter seguido no basquete ou voltaria atrás para tentar o futebol?
Não voltaria. Estou muito feliz onde estou. Amo esse esporte.

As lesões te perseguiram nas últimas temporadas, tendo inclusive sendo esse o motivo principal de você ter ficado de fora do Pré-Olímpico, onde o Brasil conquistou a vaga para Londres 2012.
Na temporada passada sofri bastante com uma lesão no púbis. Tive que passar por uma cirurgia, mas graças a Deus hoje estou 100% recuperado. Mas isso é passado e o que importa pra mim e daqui pra frente.

Algo que você gostaria de ter conquistado na carreira e ainda não conseguiu?
Tenho um sonho de disputar uma Olimpíada. A chance está aí. Agora tenho que trabalhar mais forte ainda para ser lembrado mais uma vez e estar no grupo.


Murilo esteve no Mundial da Turquia, em 2010. Na foto, ele aparece à direita, marcando o craque americano Kevin Durant.
(Foto: Reuters)

Há quatro anos o basquete do Brasil voltou a se fortalecer com a criação de uma nova Liga, o Novo Basquete Brasil. Pra você, um atleta de alto nível, qual a importância dessa melhor organização do esporte no nosso país?
Estou muito feliz com essa nova liga. Vejo que o basquete brasileiro está sendo visto com outros olhos. Só tenho que agradecer aos organizadores da Liga Nacional de Basquete, principalmente ao presidente Kouros (Kouros Monadjemi, presidente da LNB), que tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente. Com certeza ele ajudou e muito ao Basquete brasileiro.

Você chegou a atuar fora do Brasil por algum tempo, tendo no Maccabi um dos clubes que contaram com seu trabalho. Qual a principal diferença do Basquete jogado aqui para o jogado lá fora?
Joguei no Maccabi Tel Aviv, onde participei do Campeonato Israelense que tem um nível muito elevado e a Euroliga que é o campeonato mais forte da Europa. Aprendi bastante, mesmo não tendo muita oportunidade de jogar. É um basquete de muita defesa, onde dificilmente as equipes chegam aos 80 pontos. Aqui no Brasil estamos melhorando muito defensivamente.

Pintando uma outra oportunidade fora do país, preferiria retornar ou o principal objetivo é permanecer por aqui?
É difícil falar. Acho que isso é muito “de momento”. Cada caso é um caso. Terei que analisar e ver o que é melhor pra minha carreira. Tenho que pensar no presente. Só ele me dará um futuro satisfatório sendo aqui ou fora do Brasil.

Você tem 28 anos e, com toda a certeza, muitos anos ainda a jogar pela frente. Mas, já pensa no que fazer quando parar de atuar?
Me perguntam isso muito. Sempre tive um sonho de ser veterinário, mas nunca consegui estudar por ser em período integral. Confesso que não tenho a mínima idéia do que vou fazer.

Vamos agora a algumas perguntas curtas. Um ídolo no esporte:
Michael Jordan.

Um exemplo na profissão.
Marcelo Huertas. Admiro muito a vontade de ganhar desse jogador. Pra mim, um guerreiro.

Um jogo que marcou a sua carreira e o porquê.
Meu primeiro jogo pela Seleção Brasileira Adulta (em 2003 contra a Venezuela, em Uberlândia). Foi um jogo que senti uma emoção muito grande.

Um aprendizado com o Basquete:
Na pessoa que sou hoje, com certeza, o Basquete tem parcela em tudo.

O objetivo no início da carreira:
Chegar a seleção brasileira.

O objetivo atual com o Basquete:
Jogar a Olimpíada em 2012.

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